Concurso de gari atrai 15 mil PM teve de usar bombas de efeito moral para organizar fila no Sambódromo

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Concurso de gari atrai 15 mil PM teve de usar bombas de efeito moral para organizar fila no Sambódromo

Concurso de gari atrai 15 mil 

Na disputa por um salário de no máximo R$ 610 para varrer ruas, mais de 15 mil pessoas se acotovelaram ontem no Sambódromo, no primeiro dia de inscrição do concurso para gari da Comlurb. A aglomeração, que começou no fim de semana, chegou a causar tumulto na manhã de ontem, quando policiais militres tiveram que conter a multidão com bombas de efeito moral. A procura surpreendeu os organizadores do concurso, que viram na fila gente com nível superior, como a pedagoga Aline Moura, 24 anos, recém-formada e desempregada. 

- Estou tentando de tudo. Não consigo emprego em lugar nenhum - lamentou a pedagoga, que está sem trabalhar há seis meses.

Ela não era a única graduada na fila. A fisioterapeuta Ana Elisa Sá, 28, também cansou de procurar trabalho em sua área e enfrentou o tumulto em busca de uma vaga de gari.

- Desde que me formei sou uma caça-concurso. Faço todos. Não me sinto humilhada por estar aqui. É um emprego e é isso o que quero - disse.

No fim da fila estava a médica Ana Maria Brito, 27 anos.

- Emprego está muito difícil e sei que aqui tenho possibilidade de crescer dentro da empresa - explicou.

Para passar no concurso, as três candidatas terão que demonstrar conhecimentos que não receberam na faculdade. Todos os interessados devem vencer três etapas. Na primeira, será examinado o índice de massa corporal - que mede equilibrio entre peso e altura. Na segunda, haverá um teste de capacitação fisica, em que devem demonstrar bom preparo e disposição. Por último, uma prova prática, em que pode ser exigida demonstração de habilidade com a vassoura.

Se for aprovado nas três etapas, o candidato enfrenta outro desafio: entra para o banco de reposição da Comlurb e pode, se houver necessidade, vir a ser aproveitado nos próximos dois anos. No último concurso, em 2001, foram 45 mil os candidatos. Desses, 33 mil ficaram no banco de reposição e só 3.600 foram aproveitados nos últimos dois anos.

A fila começou a se formar sexta-feira. O momento mais tenso ocorreu ontem, por volta das 6h, quando começo e fim quase se encontravam diante do portão do Sambódromo. Pouco antes das 7h, quando a entrada começou a ser liberada, um tumulto se armou, a fila não foi respeitada e os últimos entraram junto com os primeiros. Guardas municipais e policiais militares tentaram conter a multidão usando bombas de efeito moral. Segundo a Comlurb, não houve registro de feridos graves, mas houve intoxicação por gás e casos de pessoas com escoriações. Depois de controlado o tumulto, as inscrições correram normalmente. A Comlurb espera que os dias 1 e 2 de julho sejam os mais conturbados, quando serão inscritos os candidatos com as iniciais K,L,M,N,O e P.

Adriana Nascimento Belo, 25 anos, vendedora desempregada há dois anos, estava na fila desde as 3h de ontem. Na confusão, perdeu o comprovante de escolaridade. No fim da tarde, depois de ter ido até Nova Iguaçu e conseguido novo comprovante, ela voltou à fila para fazer sua inscrição.

- Tenho filho para sustentar e isso aqui é uma chance - disse.

Fonte: defilaemfila